O ano de 2020 nos apresentou um cenário inédito: a pandemia do Coronavirus.

De uma hora para outra, fomos surpreendidos por um problema que afeta quase todo mundo em nosso planeta. Para evitar a contaminação e preservamos o maior número de vidas, a orientação é ficar distante

Porém, nós do Reciclando Mentes nos perguntamos de que outros problemas e contaminações o isolamento não nos protege? Que outros tipos de “pandemias” estão sendo espalhadas em nossas mentes?
um do outro, ou seja, vivermos em isolamento social.

Buscando responder essas e outras questões, na tentativa de promover reflexões que possam destacar e ampliar as práticas de cuidado e esperança durante esse período, desenvolvemos a atividade “Pensando coletivamente sobre um problema coletivo”.

O que inspirou o Reciclando Mentes a desenvolver esse exercício foi a preocupação com o pessoal da Pastoral do Menor, com quem nosso time tem parceria, e com os jovens desassistidos por eles, uma vez que estavam impossibilitados de conversar e ter a assistência que normalmente tinham.

Esta atividade foi inicialmente pensada para facilitar conversas via Zoom (plataforma de reuniões interativas online) durante a pandemia com pessoas de várias comunidades do Rio de Janeiro que vivem em condições de vulnerabilidade socioeconômicas e ambientais. Todavia, ao aplicamos essa metodologia coletiva em grupos de diferentes contextos, percebemos sua utilidade para todos que atravessam esse período!

Se conhecermos e reconhecermos a sabedoria e a criatividade apresentadas pelas pessoas em suas histórias de enfrentamento, podemos encontrar maneiras de fortalecê-las nesse momento específico? Será que, se criarmos um espaço de conversação simples e significativo, as pessoas dessas comunidades poderão replicar essas práticas?

É importante viver o exercício como uma pessoa qualquer, eu como eu, você como você, não como agentes, não como psicólogos, não como terapeutas, não como professores, para termos a oportunidade de usufruí-lo e vermos que efeitos promovem nas pessoas.

A sequência de atividades abaixo foi adaptada do exercício proposto por David Denborough durante o Fórum “Como encontrar esperança e preservar nossos sonhos em momentos difíceis?” no Rio de Janeiro, em 2017.

“Pensando Coletivamente sobre um Problema Coletivo” divide-se em 5 partes:

 

Parte 1: “Vamos falar sobre o que estamos enfrentando nos últimos tempos!”

Parte 2: “Nestes tempos de extrema preocupação, o que tem nos apoiado?”

Parte 3: “Investigando a vida do Corona”

Parte 4: “Escrevendo uma carta para o Corona e/ou sua gangue”

Parte 5: “Considerações Finais”

Abaixo, a sequência de exercícios da atividade “Pensando coletivamente sobre um problema coletivo”, com algumas sugestões para o(s) facilitador(es) sobre como iniciar e conduzir a conversa, oferecendo-lhe(s) algumas orientações.

A atividade “pensando coletivamente sobre um problema coletivo”

Introdução

Facilitador: Bem-vindo!

Estamos felizes em ter a oportunidade de conversar com vocês sobre esse momento difícil que estamos passando e que tem sido profundamente preocupante para todos nós.

É importante listar algumas regras antes de começarmos a compartilhar nossos pensamentos e experiências. Muitos de nós podem ter enfrentado ou estão enfrentando momentos difíceis durante esta pandemia, por isso é importante ter cautela e estar atento para falar apenas sobre nossas experiências pessoais e para cuidar de todas as histórias que serão compartilhadas aqui.

Nossa conversa durará cerca de duas horas e, durante esse período, passaremos por quatro momentos diferentes. No decorrer de toda a atividade, gostaríamos de pedir a todos os participantes para manter os microfones desligados, ativando-os apenas quando desejarem falar. A qualquer momento, se alguém quiser conversar, basta levantar a mão.

Parte 1: Vamos falar sobre o que estamos enfrentando nos últimos tempos!

(Tempo sugerido: 50 minutos para alguns participantes compartilharem suas experiências)

Facilitador: vamos falar sobre o que estamos enfrentando nos últimos tempos! Estamos tentando encontrar uma resposta coletiva para “a presença de Corona em nossas vidas” e também para identificar quem geralmente o acompanha, como medo, desespero, desesperança, insegurança…

Também estamos tentando refletir sobre o futuro, tentando encontrar uma maneira de superar a invasão do Corona.

Teremos 50 minutos no total para este momento e sugerimos que qualquer pessoa que queira compartilhar suas experiências o faça brevemente, permitindo que outras pessoas participem também.

Então, quem gostaria de compartilhar brevemente o que você tem enfrentado nos últimos tempos?

Nota: É importante que o facilitador faça anotações durante as narrativas, identificando os personagens pertencentes ao que chamamos de “Gangue do Corona” (sentimentos e comportamentos que surgem na presença do Corona e que precisam ser externalizados) e também os recursos e habilidades que foram identificados e utilizados. Ao final, sugerimos que o facilitador encerre a atividade destacando os sentimentos e recursos comentados principalmente pelos participantes.

Parte 2: Nestes tempos de extrema preocupação, o que tem nos apoiado?

(Tempo sugerido: 30 minutos – 10 minutos para as perguntas e 20 minutos para alguns participantes compartilharem suas respostas)

Facilitador: Nestes tempos de extrema preocupação, o que tem nos apoiado?

Vou ler algumas perguntas lentamente, apenas para guiar nossas reflexões. Essas perguntas podem ser respondidas como você desejar: você pode escrever, desenhar ou apenas pensar em suas respostas. Você também pode compartilhar uma música conosco, se quiser.

  1. Durante esse período, o que você faz para elevar seu espírito?

  2. Você consideraria o que faz como uma prática de esperança?

  3. Você poderia dar um apelido para essa prática? Qual?

  4. Essa prática foi importante em outro momento da sua vida? Quando? Por quê?

  5. Onde você aprendeu essa prática e/ou com quem aprendeu?

  6. Se você já perdeu a conexão com essa prática, como se reconectou a ela?

  7. O que mantém seus sonhos seguros e vivos?

  8. Como você tenta ajudar os outros quando eles caem?

  9. Que dicas sobre esperanças e sonhos você poderia compartilhar com alguém sem esperança?

  10. Quais são suas esperanças para o nosso planeta?

Facilitador: Quem gostaria de compartilhar algumas das reflexões que surgiram dessas perguntas?

(Tempo sugerido: 20 minutos)

Parte 3: Investigando a vida de Corona

(Tempo sugerido: 15 minutos – 10 minutos para formar os dois grupos e 5 minutos para a entrevista)

 

Facilitador: gostaria de convidar você para participar de uma entrevista com o “Corona e sua gangue”. Teremos dois grupos. Um grupo assumirá o papel de jornalistas investigativos e o outro, interpretará os personagens do Corona e sua gangue, como o Medo, o Desespero, a Desesperança…

Nota: Sugerimos que o facilitador permaneça em um grupo e o co-facilitador no outro. As perguntas a seguir podem ser úteis para o grupo que representará os jornalistas investigativos.

  • Corona, quando você chegou no Brasil?

  • De onde você é?

  • Aonde você está indo?

  • Quais são suas esperanças e sonhos, Corona?

  • Como você faz o seu trabalho? Quais são suas táticas/estratégias?

  • O que o torna poderoso?

  • Quem são seus amigos?

  • O que o torna mais fraco?

  • Há algo que você não gosta no seu trabalho?

  • Como algumas pessoas podem escapar de você?

  • Como algumas grupos/famílias/comunidades podem te impedir de infectá-los?

Nota: Quando o facilitador observa que a entrevista já alcançou um bom ponto de reflexão, ele pode encerrar a atividade dizendo que “foi uma ótima oportunidade para entrevistar o Corona e sua gangue, mas nosso tempo acabou”.

Parte 4: Escrevendo uma carta para o Corona e/ou sua gangue

(Tempo sugerido: 15 minutos para escrever a carta)

 

Facilitador: Agora que conhecemos o Corona e sua gangue, que tal escrevermos uma carta para eles, ou para o Corona, ou para um dos integrantes da gangue do Corona? Você pode me dizer o que gostaria de escrever na carta e eu escreverei. Como podemos começar esta carta?

Nota: Sugerimos que essa atividade possa ser desenvolvida com os participantes falando e o facilitador escrevendo e lendo a carta coletiva para eles. A carta não precisa ser longa.

As perguntas a seguir podem ser úteis para o facilitador orientar esta tarefa:

 

  • O que você entendeu sobre o Corona?

  • O que você acha do Corona e da sua gangue?

  • Qual é a sua atitude em relação a eles?

  • Mais alguma coisa que você gostaria de dizer ao Corona e sua gangue?

  • Quais planos você tem para o futuro, assim que este período terminar?

Nota: No final, é importante ler a carta em voz alta para todos e acordar como o grupo o acesso à carta.

Parte 5: Considerações Finais

(Tempo sugerido: 10 minutos – as pessoas são convidadas a enviar uma mensagem para outras pessoas que estão lidando com a mesma adversidade)

 

Facilitador: De tudo o que falamos, quais mensagens vocês gostariam de enviar para outras pessoas que estão enfrentando essa mesma adversidade? Depois do nosso encontro, quais ações vocês se sentem encorajados a realizar na sua familia, na sua comunidade?

Se alguém tiver alguma necessidade de falar conosco após esse encontro, estamos disponibilizando o nosso número de WhatsApp e e-mail.

Nota para o facilitador: É importante agradecer aos participantes pela oportunidade de conversar com eles bem como destacar e honrar as lições aprendidas das histórias compartilhadas pelo grupo.

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